Acredito realmente que a obsessão de uma boa parte das brasileiras seja o bumbum. O 'padrão' nacional prevê que um glúteo avantajado seja diretamente proporcional à beleza do corpo da mulher o que acabou fortalecendo o estereotipo de 'mulher fruta'.
O mais lamentável é o que elas não contam pra gente... Então pega sua cinta modeladora e sua caneleira e vamos conversar um pouco... Acho que a primeira coisa a se entender é que glúteo é uma musculatura, igual as outras... o que significa que essa musculatura quando devidamente trabalhada deve promover resultados hipertróficos... Isso é bem diferente de um popozão tamanho G bem redondo. Mulheres tendem a acumular gordura na região dos quadris e coxas por uma ação hormonal. A liberação de estrógeno com a maturação sexual começa a deixar as formas das meninas 'mais curvilíneas', dando o formato arredondado das mulheres. Por outro lado, a testosterona (hormônio presente nos homens em grande quantidade em comparação às mulheres) é um hormônio que aumenta a síntese proteica (com um dos efeitos sendo o ganho de massa magra) e favorece a lipolise. Aí a gente começa a se perguntar sobre as moças de 'abdome quadradinho'... Isso porque é muito difícil conseguir degradar tanta gordura na região do tronco tendo os níveis de estrógeno altos e de testosterona baixos (como é o caso das mulheres 'normais'). Se essa moça treina e usa recursos anabólicos, junto com o abdomen trincado, o quadril tende a ficar mais estreito (porque há menos acúmulo de gordura nos membros inferiores). Isso é GLUTEO, ou seja... o músculo em si trabalhado, hipertrofiado e com um baixo percentual de gordura! A foto é só pra ilustrar, ok?
Maaaaaaaaaaaas aí vem uma contradição: como num mundo fitness eu vou assegurar meu 'popozão brasileiro'? Quero um abdomen trincado, um baixo percentual de gordura e um bumbum redondinho e grandão.... Não vai dar.... O problema amigos, é que as moças nunca contam pra gente que o milagre daqueles bumbuns é muito mais acrílico do que foco, força e fé! O jeito é apelar pra aplicações como o hidrogel (e correr o risco de entupir suas artérias, ter necrose tecidual, etc...) pra garantir aquele bumbunzão que tá cada dia maior! E você achando que tava fazendo pouca série de caneleira, né? Calma, eu também achava isso....
O que me deixa mais inconformada é que por anos venho vendo pessoas sendo ludibriadas, acreditando que não obtém os mesmos resultados porque não treinam o suficiente. Enquanto isso, há uma legião de pessoas vendendo essa ilusão nas redes sociais e usando de imagens irreais pra comercializarem aplicativos, treinos mágicos e outras baboseiras que fazem você acreditar que vai ficar igual a ela só com frango e batata doce e muitas aulas de localizada.
Eis um exemplo de antes e depois de aplicação de hidrogel.
O glúteo é uma musculatura com grande proporção de fibras do tipo II e grande área de secção transversa. Isso faz com que responda a um estímulo preferencialmente com elevada produção de força: em outras palavras, alta intensidade na contração muscular. Os estudos que verificaram uma variedade de exercícios na ação dos membros inferiores vem destacando a importancia do stiff, leg press e das variações de agachamento são indiscutíveis. Mas é preciso, sobretudo, analisar a interferência da manipulação das variáveis de treinamento: amplitude de execução (biomecânica e cinesiologia), sobrecarga (trabalhos realizados na pré-fadiga ou até a fadiga total) e volume de trabalho (numero de repetições máximas) para assegurar um trabalho eficiente. Pra se ter uma ideia, a amplitude do agachamento pode variar o recrutamento do glúteo entre 17% se ele for parcial e salta pra 35% se for um agachamento completo. Mas a vantagem está justamente no fato de que os exercícios que eu citei serem ativações multiarticulares, o que recrutaria (e muito) a musculatura de quadríceps (trabalhando o bumbum e as coxas ao mesmo tempo). Então este tipo de treinamento teria uma enorme vantagem em relação aos exercícios que tendemos a realizar com caneleiras, por exemplo.... Além disso, nem preciso falar que a caneleira não traz uma sobrecarga poderosa pra ajudar nas nossas fibras tipo II da região do glúteo.
Bom, pra isso não virar uma apostila com 300 páginas eu vou parar por aqui, deixando pro próximo post a discussão sobre estrutura do treino de membros inferiores que parece ser bastante efetiva.