A edição deste mês da Obesity trouxe uma discussão incrível!
O estudo coordenado pelo Dr. Kevin D. Hall trouxe dados de um estudo de
seguimento de participantes do programa “Biggest Loser”. Em resumo, pra quem nunca assistiu, o programa gira em
torno de uma rápida perda de peso de participantes obesos, por meio de uma
dieta super restritiva e longas sessões de treinamento (longas sessões = alto
volume com intensidade não muito alta). Os participantes ao final do programa perderam em média 60 quilos. No follow-up do coordenado pela equipe do dr. Hall, após seis anos, houve um reganho de peso de em média, 48 quilos, dos 61 que o grupo havia perdido. Um achado interessante deste estudo é que a taxa metabólica dos participantes no início do programa era de 2.607 kcal em média e com a perda de peso, ao final do programa esta taxa diminuiu para 1.996 kcal. Isso é natural se considerarmos que a taxa metabólica tende a ser associada à massa corporal, entretanto poder-se-ia esperar que os participantes apresentassem alterações nesta variável ao ganharem novamente peso, após seis anos. Todavia, o que os autores encontraram foi a manutenção dos níveis metabólicos (1.903 kcal) apesar do ganho de 48kg.
Ainda falando de indicadores metabólicos, os participantes do programa tiveram uma melhora significativa nos indices de insulina ao final do programa (6 meses de intervenção), mas ao final dos seis anos, estavam piores nesta variável do que quando começaram. O percentual de gordura destes participantes era 49.7% no início e caiu para 28.1% e após seis anos já estava em 44.7%.
Na mesma revista, em
2014 o grupo do Dr. Hall trouxe dados que comparavam a perda de peso de
pacientes que realizaram cirurgia bariátrica e que eram fisicamente inativos com os participantes do programa e um achado
interessante foi que em ambos os grupos, houve uma redução do metabolismo de
repouso e uma perda significativa de massa magra ao longo de seis meses de
ambas intervenções. Os participantes perderam mais de 10kg de massa magra ao longo do processo. Talvez a resposta achada em 2014 justifique os achados no
estudo de seguimento publicado agora em 2016.
Em outras palavras: restrição calórica e a perda de peso rápida,
provavelmente acompanhada do exercício continuo de intensidade baixa/moderada,
parecem não ser eficientes pra provocar e manter o emagrecimento. PERDER PESO
NÃO É EMAGRECER! Perder peso sem ganhar/manter massa magra e aumentar a taxa
metabólica não causa adaptações que gerem manutenção dos ganhos.
O artigo é muito bom e tem o editorial da revista que está ótimo também, falando sobre o assunto e ainda de quebra, duas cartinhas trocando farpas entre um pesquisador que questionou os métodos do grupo em questão e depois a resposta (excelente) do Dr. Hall. Vale a pena.Foi difícil pra eu perceber isso, por incrível que pareça! É incrível como a gente muitas vezes se liga na teoria e esquece de associa-la com a prática!
Quem me conhece sabe que faço dieta desde os 7 anos de idade. Quando fui pro colégio, meu sonho era que uma calça jeans me servisse... Nada entrava da seção de roupas infantis. Fiz TODAS as dietas que existiam. Em 2014 me sentia muito gorda e fiz uma dieta daquelas que
restringem consumo de carboidrato (até verdura era restrito!!!) e em menos de
três meses tinha perdido peso.. Me sentia feliz pra caramba, mas com a chegada
do ano novo, veio a defesa do doutorado e muitas mudanças profissionais... Dois
meses depois que abandonei a dieta eu já tinha ganhado todo o peso de novo...
Muita conversa depois, resolvi seguir um plano traçado pra mim pelo meu coach e marido (sigam ele no Insta: @prof.andre.bililo) que associou uma
dieta balanceada ao treino personalizado. Fizemos a estratégia de
tentar manter (e agora ganhar!!) massa magra e depletar gordura. Nos primeiros tres meses eu não quis treinar como ele pedia... Emagreci os primeiros 10kg sem qualidade e quando fiz minha bioimpedância veio o susto! Havia uma perda de massa magra muito grande e minha taxa metabólica tinha caído pra aproximadamente 1.200 kcal. Resolvi me dedicar aos treinos como ele havia proposto... No máximo quatro sessões semanais com uma proposta bem diferente do que eu já havia realizado... E mesmo tendo baixado 2,5 kg na balança, a bioimpedância apontou uma perda de 6kg de gordura e ganho de quase 2kg de massa magra em dois meses. No total, agora, foram 17kg perdidos. Ainda estou no meio do processo, porque para nossos objetivos ainda falta
muito chão, mas a estratégia de não causar adaptações metabólicas que gerem
diminuição do metabolismo de repouso, também pela manutenção de massa magra,
tem surtido o efeito mais incrível que já tive. Dá pra ver a diferença...
FOTHERGILL et al. Persistent metabolic adaption 6 years after "The Biggest Loser"competition. Obesity. 24 (8): 1612-9. 2016.
KNUTH et al. Metabolic adaption following massive weight loss is related to the degree of energy imbalance and changes in circulating leptin. Obesity. 22 (12): 2563-69.
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