quinta-feira, 27 de março de 2014

Como a glicose é consumida durante o exercício

Na última aula prática de Fisiologia Aplicada ao Exercício (3º semestre de EF) foi possível observarmos o comportamento da glicose ingerida antes de iniciar um exercício submáximo.
Já sabemos que tudo aquilo que é ingerido em forma de carboidrato (aquele macarrão do domingo) passa a ser digerido por enzimas que fazem a quebra deste carboidrato em moléculas menores até chegar na glicose. Essa é a nossa principal fonte de energia... Por isso todas as imagens que vemos sobre dietas são assim: 
Isso ocorre porque a glicose obtida por meio da ingestão dos carboidratos é utilizada como fonte energética para a manutenção das principais funções vitais... Sem glicose torna-se difícil a tarefa de manter a atividade de órgãos controlados pelo sistema nervoso autônomo. Estes órgãos nunca podem parar... Por isso para manter por exemplo, o coração e o cérebro, funcionando da maneira correta precisamos de glicose! 
É certo que algumas dietas recentemente vêm "demonizando" a figura do carboidrato, colocando-o como o principal vilão para justificar as estatísticas de obesidade que só aumentam... Mas será que o problema é o carboidrato? Ao mesmo tempo que cresce a oferta de novas dietas, os estudos demonstram que a população torna-se mais e mais sedentária. Os estudos demonstram que mais da metade da população de adultos é sedentária (Matsudo et al.2002). E o sedentarismo é ainda maior nas classes A e B!!!!Mas isso é assunto pra uma outra postagem! 
Voltando à glicose... Nosso corpo usa a glicose como principal substrato energético para produzir ATP. O ATP guarda energia necessária para o funcionamento do nosso corpo. Existem diversas maneiras de se obter ATP e a via utilizada irá depender das características do exercício que está sendo realizado.
O vídeo abaixo sintetiza rapidamente as vias de produção energética:


Em nossa última aula prática de Fisiologia Aplicada ao Exercício nós pudemos verificar como é que o exercício age, disponibilizando glicose para a manutenção dos níveis de energia! Dois voluntários fizeram a ingestão de 40g. de carboidrato (em forma de sachê) e outros dois voluntários não consumiram nenhum carboidrato. Destes, 1 voluntário que ingeriu carboidrato e 1 que não ingeriu foram submetidos a um protocolo de teste submáximo (teste de 12 minutos, ou Cooper). Foram medidas as concentrações de glicose no sangue dos participantes ao longo do período de 40 minutos. 


A ideia era entender o comportamento da glicose em repouso e em exercício. Os dados que nós encontramos foram os seguintes: 



Foi possível perceber que o voluntário que ingeriu carboidrato e realizou exercício apresentou níveis aumentados de glicose no sangue. Isto pode ter acontecido provavelmente por causa de mecanismos de regulação. Quando eu começo um exercício, e no caso do teste proposto foi realizado em intensidade submáxima (os meninos estavam quase morrendo depois da corrida!), ocorre a liberação de glicose por meio do glicogênio (reserva energética presente no músculo e no fígado) pela ação do Glucagon. Além disso, também ocorre a inibição da ação da insulina, que mantém os níveis da glicose altos. Em situação de jejum também ocorre a liberação de glucagon, para degradar o glicogênio e fornecer substrato energético. Por isso observamos um aumento menos acentuado durante o exercício também no voluntário que estava em jejum.
Com relação às menina que ficaram em repouso foi possível observar a manutenção dos níveis glicêmicos para a voluntária que ficou em jejum enquanto que a voluntária que consumiu carboidrato apresentou aumentos gradativos nos níveis de glicose, com o pico após aproximadamente 15 minutos da ingestão da solução. O teste durou aproximadamente 35 minutos, o que limitou nossa observação com relação à resposta da insulina, reestabelecendo as concentrações de glicose. Provavelmente observaríamos, após os picos glicêmicos de ambos voluntários que ingeriram o carboidrato, uma redução nos níveis glicêmicos. Isso ocorre devido a ação da insulina e a necessidade de repor os estoques de glicogênio. Quando os níveis de glicose ficam alterados constantemente no sangue, provavelmente há uma falha na produção deste hormônio, que caracteriza o diabetes! Mas isso nós veremos no próximo módulo, de sistema endócrino...
Por enquanto ficamos por aqui... com dedos doloridos mas cheios de novos conhecimentos sobre a ação da glicose no metabolismo energético.



2 comentários:

  1. eu queria ter participado desta aula! porque eu fiquei de fora?

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  2. Foi muito interessante acompanhar os testes. Nada como a prática pra entendermos perfeitamente o conteúdo. Muito bom!

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